terça-feira, 25 de outubro de 2011

PORTUGAL1 - LISBOA


Foto 1– ...da ocidental praia lusitana, por mares de antes navegados... De onde partiam as caravelas (Torre de Belém), com bravos heróis chamados ao seu destino de descobrir novas terras.

As armas e os barões assinalados
Que, da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram.

Os Lusíadas, Canto I, estrofe 1 (Luiz de Camões, 1556)

Fortemente conectado ao Brasil pela língua e história, Portugal é o lugar a ser (re)descoberto.  Percorrer becos, ladeiras, castelos e vinhedos, ver paisagens e saborear as delícias da culinária portuguesa, por vezes tão familiar, faz parte de uma busca pelas origens e antepassados da maioria dos brasileiros.

Por mares nunca dantes navegados, esse país, de dimensões pequenas, construiu um imenso império marítimo, e, a caminho das Índias, descobriu por acaso um novo mundo: O Brasil nas Américas, a cujos habitantes chamou de índios, supostamente os habitantes das Índias.


Foto 2– Por mares nunca dantes navegados, esse país, de dimensões pequenas, construiu um imenso império marítimo, e, a caminho das Índias, descobriu por acaso um novo mundo: O Brasil nas Américas (Na Torre de Belém).

Terra do Fado, Bacalhau, Pastel de Belém, Azeite de Oliva (a quem os brasileiros associam a uma tradicional marca chamada “Galo”), dos vinhos verdes e do famoso vinho do Porto.
Portugal nos legou grandes nomes da literatura: Luíz de Camões, o célebre autor dos Lusíadas, Eça de Queiroz (Os Maias), José Saramago (Ensaio sobre a Cegueira), Camilo Castelo Branco (Amor de Perdição) e o grande poeta Fernando Pessoa (leitura predileta de minha inquieta e mutável adolescência). Para os que apreciam ou querem conhecer a obra desse admirável e “enigmático” poeta da literatura universal recomendo os sites:  http://www.umfernandopessoa.com/ (um site dedicado ao poeta) e http://purl.pt/1000/1/ (que mostra o espólio do poeta na Biblioteca Nacional de Portugal).

Terra dos grandes navegadores: Vasco da Gama, descobridor do caminho marítimo para as Índias em 1498,  e Pedro Álvares Cabral, que descobriu o Brasil em 21 de abril de 1500.


Foto 3 – O Padrão dos Descobrimentos, em homenagem do povo português aos grandes navegadores.

A história desse país e de seus reis tem muitos pontos convergentes com a história do Brasil. Os reis do Brasil tornaram-se reis de Portugal. Ou seria o inverso? É o caso de Dom Pedro I do Brasil, que se tornou Dom Pedro IV de Portugal. Em 1808, a família real portuguesa e sua corte desembarcaram no Rio de Janeiro, com “malas e bagagens”, ficando até 1822, data da independência do Brasil. A presença dos mouros ou árabes por mais de cinco séculos, a partir de 711, também marcará profundamente a história de Portugal (e também sua arquitetura). Só em 1249, Portugal tornou-se independente.

Foto 4 – O imponente Castelo de São Jorge é um testemunho da presença dos mouros nas terras de Portugal, onde ficaram por mais de 5 séculos.

Por falar em arquitetura, outra grande contribuição portuguesa foi o desenvolvimento do azulejo (peça de cerâmica vitrificada utilizada para revestimento), de origem árabe (mosaico). O azulejo teve papel de destaque no universo artístico do país, tanto pela abrangência de aplicação quanto pela quantidade de produção. Eles são belíssimos e foram utilizados em numerosas igrejas no Brasil. Tem até um museu nacional dedicado ao azulejo em Lisboa: http://mnazulejo.imc-ip.pt/
Foto 5 - O tradicional azulejo português foi destaque no universo artístico do país. Exemplar do século 18, no Mosteiro dos Jerônimos. As igrejas brasileiras do período colonial possuem elementos magníficos dessa expressão artística (foto de Venus)
Foto 6 - O azulejo também está presente em muitos sobrados no Centro de Lisboa, contribuindo para o destaque da arquitetura portuguesa.

Em sua história mais recente, Portugal manteve-se isolado do restante da Europa por quase 50 anos durante a ditadura Salazar, encerrada pela revolução dos Cravos em 1974.
O território é pequeno, mas a diversidade de paisagens é muito grande. A capital Lisboa e o rio Tejo, ficam na porção centro-oeste; ao norte fica o vale do Rio Douro, onde localizada Porto, a segunda maior cidade. No extremo Norte, fica a região do Minho  (verdejante), e no extremo sul, a região turística do Algarve, com muitas praias e clima agradável o ano todo. Comparado ao clima europeu, Portugal tem temperaturas amenas, mesmo no inverno.
Para explorar Portugal, de norte a sul, e de leste a oeste, bastariam algumas horas, mas claro que você não vai se furtar a ficar por muito mais tempo e descobrir as encantadoras aldeias e muralhas medievais que fazem parte do riquíssimo patrimônio português.
Que tal começar essa viagem de busca por uma história e cultura secular, com a vantagem, para os brasileiros, de falar a mesma língua? Mas, atenção, há algumas palavras de significados diferentes e um sotaque ao qual é preciso se adaptar para entender e evitar complicações. Quer conhecer algumas diferenças? Talvez você precise nessa viagem.
No transporte: Bonde - eléctrico; faixa de pedestres -passadeira; ônibus -autocarro; trem - comboio; faixa de pedestre -passadeira; pedestre - peão; pedágio - portagem; ponto de onibus -paragem.
Na hora do lanche: café - bica;  sanduíche - sandes.
Atenção no acesso aos atrativos: fila - bicha;  e, ao pedir nota fiscal - factura.
Como ilustração engraçada dessas pequenas diferenças lingüísticas está o aviso que encontrei em uma “casa de banhos”, sanitário em Sintra: “É favor não deitar os papéis no caixote”. Dá pra entender perfeitamente, mas soa estranho ao brasileiro.
O roteiro (nessa minha segunda visita a Portugal) incluiu a capital Lisboa, Sintra e uma visita ao Santuário de Fátima.
Foto 7 – Há muitos roteiros para explorar nessa terra, de tradições tão antigas. Um exemplo de um painel representando trajes típicos em uma sacada no Bairro da Baixa (Centro de Lisboa).



ALGUNS DADOS DE PORTUGAL

Localização/Limites: Sudoeste da Europa; limitado a norte e a este pela Espanha (1215 km de fronteira) e a sul e oeste pelo Oceano Atlântico (700 km de costa).

Área: 92.391 Km2 (extensão máxima, em comprimento, de 561 km; em largura, 218 km).

População do País:  10.760.305 (Julho 2011 est.)

População da capital Lisboa: 700 mil (3 milhões na região de Lisboa)



LISBOA


Capital do país, Lisboa mantém o charme e tranquilidade de antigamente. Lisboa tem um relevo acidentado, repleto de muitas ladeiras. Os elevadores funcionam e funiculares e ajudam a transpor as alturas: Elevador da Bica, da Glória, do Lavra e o belíssimo Elevador de Santa Justa. Esta topografia proporciona muitos mirantes com vistas panorâmicas da cidade e do Rio Tejo como o de Nossa Senhora dos Montes, o de Santa Luzia e São Pedro de Alcântara.

Apresento a seguir algumas vistas tiradas do elevador Santa Justa.

Foto 8 – No elevador Santa Justa: Paisagem do alto 1 - Direção do Rio Tejo
Foto 9 – No elevador Santa Justa: Paisagem do alto 2 - Direção Castelo de São Jorge

Foto 10 – No elevador Santa Justa: Paisagem do alto 3 - Direção Praça do Rossio

Banhada pelo imenso e largo rio Tejo,  Lisboa conserva uma paisagem urbana peculiar, de ruas estreitas e ladeiras, sobrados antigos azulejados, monumentos históricos com muitos azulejos e calçadas, ruas e largos pavimentados e decorados com legítima pedra portuguesa (atenção, elas não soltam).



OS MEUS PREFERIDOS EM LISBOA


Passeio predileto: Andar de bonde pelas ruas e ladeiras íngremes e antigas. Uma volta ao passado!

Música/Cantora: O Fado, cheio de melancolia e nostalgia, canta a alma de Lisboa. Amália Rodrigues, a Rainha do Fado, é o maior nome do gênero. Mais recente, a cantora Marisa é uma grande intérprete do fado. Adoro as canções “Foi Deus” e “Gaivota”.

Melhor Mirante/Elevador: Santa Justa, belíssimo em sua estrutura metálica neogótica, inspirado nos trabalhos de Eiffel. A vista, lá de cima, é fantástica.

Melhor monumento: Torre de Belém e Castelo de São Jorge estão empatados.

Melhor aperitivo: Ginjinha sem Rival (aperitivo a base de uma espécie de cereja nativa - ginja) e, também, a sangria, sem falar no  saboroso vinho do Porto.

Melhor doce: Pastel de Belém da tradicional Pastelaria de Belém.

Melhor prato: Bacalhau preparado em qualquer uma das 1001 maneiras.



PARA SE ORIENTAR NA CIDADE


Sugiro hospedagem na área central – centro histórico da cidade - e mais plana: A Cidade Baixa. Fiquei no entorno da Praça Dom Pedro IV (Praça do Rossio), próximo à Estação do Rossio, de onde você pode se deslocar facilmente para outras áreas da cidade e demais atrações turísticas.

Foto 11 - Praça do Moniz, área central, próximo à Praça da Figueira, onde fiquei hospedada. Contraste entre o novo (praça) e o antigo (entorno) – ao fundo, no alto, o Castelo de São Jorge.
A oeste, fica o Bairro Alto e Chiado, alcançado através do Elevador Santa Justa, bem próximo à Rua Augusta. A leste, no alto da Colina, fica o Castelo de São Jorge. Na parte mais baixa, o bairro tradicional e popular de Alfama.

O sistema de transporte de Lisboa é bem funcional e oferece muitas modalidades de deslocamento. A companhia de transportes é Carris, que administra os ônibus, os eléctricos, os elevadores e os funiculares. Lisboa ainda tem metrô e trem. Táxi é mais barato em Lisboa, e o aeroporto fica próximo ao centro histórico (cerca de 6 km).

Você pode usar à vontade o mais popular transporte de Lisboa – o eléctrico (bonde), viajando pelas cinco linhas históricas. Por exemplo, tome a linha 28 e vá até o Castelo de São Jorge.

Foto 12 – Você pode viajar à vontade o mais popular transporte de Lisboa – o eléctrico (bonde) que faz as cinco linhas históricas

INFORMAÇÕES ÚTEIS E TURÍSTICAS


A Carristur oferece pacotes turísticos econômicos, para o Santuário de Fátima, Sintra e Cascais e vários outros destinos turísticos. Experimentei e aprovei o passeio em eléctrico  pelos bairros mais típicos de Lisboa (Hills Tramcar Tour)!


O Lisboa Card é uma boa opção para quem vai ficar três dias ou mais. Oferece livre acesso ao metrô, à rede “Carris” (transportes), ao trem e aos vários museus, além, também, de descontos em outros atrativos (inclusive em Sintra). Você pode adquirir o cartão na agência de turismo do próprio aeroporto ou, se estiver perto da Baixa, na Praça do Comércio. Também tem vários quiosques na alta estação, do “Ask me Lisboa”.


Consulte o site oficial de turismo em: http://www.visitlisboa.com/

Veja o mapa: 
http://www.visitlisboa.com/PaginasEspeciais/GoogleSearchAndDirections.aspx?lang=pt-PT.

Também recomendo o seguinte site para quem quer explorar Portugal e Lisboa: http://www.guiadacidade.pt/pt/

Recomendo começar a visita a Lisboa por um city tour no bonde, eléctrico, que faz o “Circuito das Colinas”, com duração de cerca de 1 hora e 20 minutos, e percorre os principais bairros da Lisboa histórica e tradicional. Você pode adquirir os bilhetes na Praça do Comércio.

Foto 13 – Bondes na Praça do Comércio. O escritório da Carristur – bonde vermelho – oferece vários roteiros turísticos.

PRINCIPAIS ÁREAS E ATRATIVOS

A CIDADE BAIXA

Uma obra-prima da urbanização dos Lumières, patrocinada pelo Marquês de Pombal, para a reconstrução da Lisboa após o terremoto/incêndio de 1755. As ruas, de traçado retangular, têm nomes das profissões de antigamente: dos sapateiros, dos fanqueiros, dos carreeiros, e mesmo dos metais preciosos, como a rua Áurea e a rua da Prata. Talvez, a mais elegante seja a Rua Augusta, ornamentada com mosaicos de pedra portuguesa nas cores branca e preta.
Foto 14 - MUDE, o museu do Design, na rua Augusta.

O comércio tradicional e também as lojas de souvenirs voltadas para o turista se concentram nessa parte da cidade.
Foto 15 – Este incrível Café, como alguns no Centro, oferece o tradicional Vinho do Porto, em diferentes safras e preços. Confira as garrafas empoeiradas que valem uma pequena fortuna.

As fotos 16 a 21, a seguir apresentadas, fazem parte de uma visão serial do percurso Rua Augusta à Praça do Comércio.

Foto 16 – Rua Augusta - Perspectiva 1 -Elegante e ornamentada com mosaicos portugueses. Mesas e cadeiras para degustar a gastronomia.
Foto 17 – Rua Augusta - Perspectiva 2 – De quem é a Sardinha? Quiosque do “Ask me Lisboa”.
Este setor tem, no seu extremo sul, a Praça da Figueira/Praça do Rossio e, ao norte, a Praça do Comércio, deslumbrante esplanada debruçada sobre o Rio Tejo.

A Praça do Comércio (símbolo da nova Lisboa de Pombal) é margeada por edifícios clássicos de arcadas elegantes, centralizada pela estátua equestre de Dom José I,  e marcada pelo triunfal Arco da Victória (Veríssimo da Costa, séc. 19), entre a Praça e a Rua Augusta. Essa praça foi testemunho da queda da monarquia, em 1908, quando anarquistas assassinaram Dom Carlos I e seu filho.

Foto 18 – Rua Augusta - Perspectiva 3 –O imponente arco da Victoria, século 19. Praça do Comércio no segundo plano.
Foto 19 – Rua Augusta - Perspectiva 4 - Estou Perto do Arco e lá fora estão a Praça do Comércio e o rio Tejo. Para além, o horizonte!
Foto 20 – Praça do Comércio - Perspectiva 5 – Já estou fora e observo o detalhe do belíssimo arco em direção à Rua Augusta
Foto 21 – Praça do Comércio - Perspectiva 6 – Perspectiva do belíssimo conjunto de arcadas elegantes em suas bordas.

São destaques nessa área as praças do Rossio e da Figueira. A Praça do Rossio tem fontes barrocas e um monumento a Dom Pedro IV de Portugal (Dom Pedro I do Brasil).


Foto 22 - Praça do Rossio – Um monumento a Dom Pedro IV de Portugal – Dom Pedro I do Brasil.
Foto 23- Fontes barrocas na Praça do Rossio (Praça Dom Pedro IV de Portugal).

No local, concentravam-se as mais imponentes construções de antigamente que foram destruídas pelo incêndio de 1755. O Teatro Nacional de Dona Maria II, inaugurado em 1846, com sua imponente fachada neoclássica, oferece uma programação bem variada.

Foto 24 - O imponente Teatro Nacional Dona Maria II, em estilo neoclássico.
A fachada do prédio da Estação do Rossio, em estilo neo-manuelino, com portas em forma de ferradura, é lindíssima. Daqui partem os trens para Sintra.
Foto 25 - Estação do Rossio, em estilo neo-manuelino, com portas em forma de fechadura. Daqui, você parte para conhecer Sintra e outros lugares.

Na praça da Figueira (vizinha ao Rossio) fica o monumento a Dom João VI e concentram-se alguns cafés, várias paradas de ônibus e bondes.
Foto 26 - Homenagem de Lisboa a Dom João I, Rei pela graça de Deus e pela firmeza... na Praça da Figueira.

BAIRRO DO CHIADO/ BAIRRO ALTO

Para chegar ao Chiado, o melhor e mais confortável meio é tomar o elevador Santa Justa, bem perto da Rua Augusta. O elevador, considerado patrimônio nacional, foi construído em estrutura metálica no estilo neo-gótico (1898-1901).
Foto 27 - Elevador Santa Justa, uma preciosidade em estilo neo-gótico, construído em estrutura metálica, leva você, sem esforço, da Cidade Baixa ao Bairro Alto/Chiado. Não esqueça a câmera – as paisagens são deslumbrantes.

Na saída do Elevador está a bela Igreja do Carmo/Museu Arqueológico. Os vestígios góticos fazem lembrar os estragos do terremoto de 1755.
Foto 28 - Saindo do elevador Santa Justa está a bela Igreja do Carmo. Os vestígios góticos fazem lembrar os estragos do terremoto de 1755.
  
A região do Bairro Alto/Chiado é famosa por suas animadas noites...  Lugar ideal e ponto de encontro para quem gosta de baladas. A concentração de restaurantes é grande. Na Rua Garret, está o famoso  Café – A Brasileira – do século 19,  uma famosa instituição do Chiado.  No terraço está uma estátua de bronze de Fernando Pessoa, que gostava de freqüentar esse Café. Pessoa foi um dos poetas mais importantes do século XX. Encarnou diversas personalidades – heterónimos – como Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos (lápide no Mosteiro dos Jerônimos). Aproveite, sente-se à mesa, e tire uma foto com o Poeta.
Ainda no Chiado, visite um belo e antigo convento do século 18, transformado em fábrica de Cerveja, onde funciona a mais popular cervejaria da cidade. 
Foto 29 – Beco do Carmo, no Chiado, o Bairro animado e cheio de restaurantes.

Na parte mais baixa do Chiado, está o Cais do Sodré, que margeia o rio Tejo. Imagens e lembranças dos marinheiros que se reuniam no local ainda são vívidas.

A ALFAMA E O CASTELO DE SÃO JORGE

A leste da Cidade Baixa está o tradicional bairro da Alfama, um labirinto de ruas estreiras, becos sem saída, escadas íngremes e muita gente na rua. Um cenário imutável da Lisboa antiga e do cotidiano de seus antigos moradores, em grande parte, marinheiros e trabalhadores do Porto.
Esse trecho da cidade é reconhecido como o berço do Fado Tradicional. O fado, gênero musical de origem incerta, conta sobre as saudades de um tempo passado, de amores românticos e sofridos, e da saudade/orgulho por Lisboa. Visite o museu do fado (informações em http://www.museudofado.pt/).
Não deixe de assistir a um jantar-espetáculo nas tradicionais casas da Alfama e Mouraria. Visitamos a Parreirinha de Alfama, uma casa pequena, mas bem animada. Talvez, o espaço pequeno e a altura baixa contribuam para tornar o lugar quente durante o verão.
Foto 30 - Jantar-espetáculo de fado na Parreirinha de Alfama, casa pequena, mas animada.

A caminho do Castelo de São Jorge, no bonde de número 28, desça no mirante de Santa Luzia. Magnífico lugar para admirar o Rio Tejo e o bairro de Alfama, lá embaixo.
Foto 31 – Mirante de Santa Luzia – Paisagem 1 com a Igreja da Graça ao longe.
Foto 32 - Mirante de Santa Luzia – Paisagem 2 com o bairro de Alfama lá embaixo.

O majestoso Castelo de São Jorge ergue-se sobre a mais alta colina do centro histórico, proporcionando aos visitantes uma das mais fantásticas vistas sobre a cidade e o estuário do rio Tejo. A seguir apresento algumas paisagens captadas no interior desse Castelo (fotos 33 – 38).
Foto 33 - Castelo de São Jorge – Paisagem 1: Caminhando pelas passarelas e descobrindo recantos inesperados.
Foto 34 - Castelo de São Jorge – Paisagem 2: Uma visão emoldurada por uma janela que se abre.

Foto 35 -. Castelo de São Jorge – Paisagem 2: Um outro caminho a percorrer para novos olhares sobre a cidade.

O castelo tem sua origem no tempo dos romanos, visigodos (séc.  5) e, posteriormente, foi ocupado pelos mouros até sua expulsão em 1249. Reserve um bom tempo para caminhar no seu interior, explorando suas passarelas, descobrindo novas perspectivas e deslumbrando-se com as encantadoras paisagens da Lisboa, em 360 graus.
Veja a programação, faça o “download” da planta do castelo em: http://www.castelodesaojorge.pt/
Foto 36 - Castelo de São Jorge – Paisagem 4: Nos caminhos sombreados dos pátios.
Foto 37 - Castelo de São Jorge – Paisagem 5: Caminhando para a borda.
Foto 38 -.Castelo de São Jorge – Paisagem 6: Uma outra paisagem se descortina.

Outros monumentos de interesse histórico e cultural são:  a Igreja  de Santo Antônio da Sé (concluída em 1812) dedicada a Santo Antonio de Pádua, ou melhor, a Santo Antônio de Lisboa, como é conhecido em Portugal, e a Catedral da Sé, construída sobre as ruínas de uma mesquita (1147).

BELÉM – “O GRANDE PARQUE DAS NAVEGAÇÕES”
Você pega o bonde na Praça do Comércio ou da Praça da Figueira e chega ao bairro de Belém em menos de meia hora. Reserve um bom tempo para o passeio, pois as atrações são muitas.
Belém constitui o esplêndido cenário histórico da idade de ouro de Portugal (séculos 15 –16), palco dos conquistadores e das grandes navegações. Era deste lugar que partiam as expedições de naus e caravelas que descobriram novas terras e tornaram Portugal um poderoso império marítimo.
Foto 39 – Um pirata nos dá as boas-vindas nesse Cenário de Descobrimentos.

Os  testemunhos dessa história ainda estão presentes na belíssima Torre de Belém e no imponente Mosteiro dos Jerônimos, além dos outros inúmeros atrativos que honram esse passado glorioso.
Foto 40 – A belíssima Torre de Belém, construída para defender a embocadura do rio Tejo contra os invasores.
Os cais que ladeiam o rio Tejo na sua quase embocadura são arborizados e decorados com passeios e pisos.
Foto 41 - A Torre de Belém, em sua arquitetura militar de estilo manuelino, continua a encantar a todos desde 1500.

Destacam-se entre as atrações:

Torre de Belém - À beira do cais, a Torre de Belém ergue-se magnífica desde 1500, com sua arquitetura militar em estilo manuelino composta por uma mistura da arquitetura rendada com cúpulas, mouriscas, janelas geminadas e elementos renascentistas. Majestosa!
 Foto 42 – Torre de Belém – Riqueza de detalhes escultóricos.

Foto 43 – Torre de Belém - Minuciosos rendilhados e esculturas.
Essa torre foi construída durante o reinado de Dom Manuel I (1514-1520), para defender a embocadura do Rio Tejo. Suba nos pavimentos superiores e aprecie a paisagem marítima quase imutável. O projeto foi de Francisco de Arruda.
Foto 44 – Um olhar à procura de naus e caravelas.

Padrão dos Descobrimentos - A poucos metros da Torre de Belém, no mesmo cais, situa-se o belíssimo monumento em homenagem aos navegadores, construído para celebrar o 5° Aniversário da morte do infante Dom Henrique -  conhecido como navegador: “Ao infante D. Henrique e aos Portugueses que descobriram os caminhos do mar.” O monumento tem a forma de uma caravela de concreto e apresenta na proa 32 reis, santos, catequizadores e capitães liderados pelo infante Dom Henrique. O elevador que leva ao belvedere estava interditado para reforma. Veja o mosaico do piso em frente ao monumento que apresenta a rota dos navegadores portugueses.
Descobri que os monumentos acima citados ficam situados na Avenida de Brasília.
Foto 45 - Padrão dos Descobrimentos: uma homenagem ao Infante Dom Henrique e aos Grandes Navegadores.

Mosteiro dos Jerônimos – Monumento grandioso construído a mando de D. Manuel (1502), em louvor à monarquia portuguesa, e patrocinado pelo dinheiro do comércio marítimo. Conta-se que os monges dessa ordem tinham como trabalho espiritual dar conforto aos marinheiros e rezar pela alma do Rei.
Foto 46 - Mosteiro dos Jerônimos, em louvor à monarquia portuguesa, patrocinado pelo dinheiro do comércio marítimo.

Um dos mais belos exemplares de arquitetura manuelina, gótico tardio com motivos escultóricos inspirados nos descobrimentos. De impressionante riqueza decorativa, apresenta detalhes rendilhados minuciosos de temas marinhos e florais. Descubra folhas, uvas, abacaxis, corais e conchas...
Foto 47 – Mosteiro dos Jerônimos, arquitetura manuelina inspirada no gótico tardio com impressionante riqueza decorativa.
Em parte desse Complexo funcionam o Museu Nacional da Arqueologia e o Museu da Marinha.
Foto 48 – Verticalidade das torres que marcam a arquitetura neogótica do Mosteiro dos Jerônimos.
Você pode visitar a Igreja imponente, o claustro e o pátio. Na Igreja estão os túmulos de Vasco da Gama, de Luiz de Camões e, em um dos terraços que dão pra o pátio, o túmulo do grande poeta Fernando Pessoa.

Foto 49 - O bonito pátio do Mosteiro emodurado pelo rendilhado das janelas.
No túmulo de Camões: Luíz Vaz de Camões (1524/5 – Lisboa 1580) Poeta maior da literatura portuguesa, autor da epopéia marítima “Os Lusíadas” que narra os feitos dos navegadores portugueses, em especial de Vasco da Gama, e a história do Povo Português.
Foto 50 - Aqui jaz Luiz de Camões – célebre autor dos Lusíadas no mosteiro dos Jerônimos.
No túmulo de Vasco da Gama: Vasco da Gama (Sines 1468/9 – Cochim 1524). Navegador português que estabeleceu a ligação por mar entre Portugal e a Índia (1497-1948), fixando uma nova rota comercial que daria aos portugueses o domínio do Oceano Índico durante mais de um século.
Foto 51 – Aqui jaz Vasco da Gama...navegador português que estabeleceu a ligação por mar entre Portugal e a India... (Mosteiro dos Jerônimos)
Foto 52 – Aqui jaz Fernando Pessoa, um dos maiores poetas da língua portuguesa.

Além dessas atrações, destacam-se também o Jardim do Ultramar, o Museu dos Coches e o contemporâneo Centro Cultural de Belém, que oferece uma programação cultural variada e reúne o magnífico acervo de arte contemporânea e moderna do magnata José Berardo.
Foto 53 - Centro Cultural de Belém – uma obra comtemporânea que reune um magnífico acervo de arte comtemporânea e moderna.
Pra terminar a visita, saboreie um legítimo pastel de nata na Antiga Confeitaria de Belém, que aperfeiçoou ao extremo a arte de fazer esta delícia há mais de 100 anos. Durante todo o dia, todos os dias do ano, cerca de dez mil pastéis, artesanais, totalmente feitos à mão, saem dali, fresquinhos, prontos para comer. Você não vai resistir à tentação de levar alguns pastéis para saborear mais tarde.
Foto 54 - Pastelaria de Belém, desde 1987 oferecendo os deliciosos pastéis de belém. Cerca de 10 mil pastéis todos os dias.
LISBOA MODERNA – O PARQUE DAS NAÇÕES/EXPO 98

O Parque das Nações ocupa mais de 2 km e 340 hectares de área revitalizada para a Expo 1998, à margem do rio Tejo. O projeto inicial do Parque das Nações deu oportunidade à criação de uma cidade nova, onde a arquitetura, nas suas mais variadas expressões, tem o seu máximo expoente. (http://www.portaldasnacoes.pt/ ).

Numerosos e talentosos arquitetos deixaram um valiosa contribuição no Parque das Nações, tornando-o admirável do ponto de vista arquitectónico e urbanístico, com os seus emblemáticos edifícios. Aprecie as suas obras de perto! Um espetáculo! Os meus preferidos: Álvaro Siza e Santiago Calatrava.
Entre os exemplos de marcos arquitetônicos modernos, alguns  “futuristas”, estão os edifícios: Pavilhão de Portugal (Álvaro Siza), o Pavilhão Atlântico (Regino Cruz), o Oceanário (Peter Chermayeff), o Teatro Camões (Manuel Salgado), a Torre Vasco da Gama (José Quintela) e a Gare do Oriente (o meu preferido, Santiago Calatrava).


Foto 55 – Parque das Nações (foto do Portal das Nações: http://www.portaldasnacoes.pt/)

Uma grande atração é o Oceanário – segundo maior aquário da Europa (7 milhões de litros) com uma impressionante coleção de habitantes marinhos - mais de 8.000 animais de 500 espécies vivas! A sensação de estar juntos com essas espécies é incrível e assusta mesmo, quando a gente percebe que um tubarão está vindo na sua direção, pronto para...
Inaugurado em 1998 no âmbito da última exposição mundial do séc. XX, cujo tema foi "Os oceanos, um património para o futuro", o Oceanário eternizou a ligação de Lisboa com o oceano. O Oceanário de Lisboa é um aquário público de referência em Lisboa, em Portugal e internacionalmente. O equipamento recebe anualmente cerca de 1 milhão de pessoas, que percorrem as suas exposições, tornando-o no equipamento cultural mais visitado de Portugal

Faça uma visita virtual no site oficial em:  http://www.oceanario.pt/cms/13/. Enquanto não visita o aquário real, acesse o site: http://www.guiadacidade.pt/pt/poi-oceanario-de-lisboa-18648.

Já deu pra perceber que eu amei esse aquário. Foi uma pena não ter tido tempo de visitá-lo desta vez.

Um bom lugar para pedalar ao longo da Orla do Rio. Experimente o teleférico para apreciar o conjunto espetacular do Parque. Do exterior, você pode admirar a imponente obra de engenharia: a Ponte Vasco da Gama (1998). Essa ponte é mais longa da Europa e a nona mais extensa do mundo, com 17,3 km de comprimento, dos quais 12 km estão sobre as águas do estuário do Rio Tejo. Também é uma das mais altas construções de Portugal com 155 metros de altura. Possui um impressionante perfil!


Foto 56 - Estação Oriente – projeto de arquitetura espacial Calatrava (foto do Portal das Nações: http://www.portaldasnacoes.pt/)
Aos interessados em conhecer melhor a dimensão urbanística e arquitetônica desse empreendimento ambicioso e bem sucedido, que se propôs a aplicar novos conceitos aos meio urbanos no futuro, com especial incidência na relação com o ambiente, sugiro acessar o site:
Veja as imagens do Parque em:
  
GASTRONOMIA
Em Lisboa você encontrará o melhor da cozinha mediterrânea: pão, azeite, queijo, enchidos e uma grande variedade de petiscos. O bacalhau, tradicional peixe salgado ou fresco, é uma instituição portuguesa,  preparado de 1001 maneiras, todas elas irresistíveis. Os brasileiros herdaram o gosto pelo bacalhau, e mantêm a tradição na preparação de diversas receitas típicas como: bacalhau à Zé do Pipo, Bacalhau à São Braz, Bacalhau à Gomes de Sá, à lagareiro... pataniscas. Deliciosas, de “dar água na boca”! O cozido português, a base de lingüiças, lembra o cozido brasileiro.
Foto 57 – Uma delícia de bacalhau, instituição nacional, servido na Parreirinha de Alfama (fotografado por Cecília).

Os doces são um capítulo à parte, e fazem parte da tradição portuguesa, com certeza! Eram preparados nos conventos e distribuídos para adoçar a vida dos nobres. São deliciosos: pastéis de nata, travesseiros, queijadas, massas folhadas recheadas de cremes... a lista de doçuras é imensa... Melhor deixar o regime pra quando chegar em casa e experimentar as especialidades deliciosas que os portugueses criaram à base do açúcar vindo de terras distantes como o Brasil.
Foto 58 – Os pasteis de Belém – uma doçura de sabor – há mais de 100 anos.

Onde comer bem em Lisboa? Arrisque e experimente! Você não vai errar muito. Em algum botequim, você vai encontrar uma sardinha na brasa e bolinhos (pastéis) de bacalhau pra comer com uma sangria, uma boa cerveja gelada, ou vinho.

Na rua das Portas de Santo Antão, bem próximo do Rossio, você vai encontrar várias opções gastronômicas. Surpreenda-se com a arquitetura da Casa do Alentejo (belo prédio de estilo neomourisco). Explore também a gastronomia no Bairro Alto e Chiado.

COMPRAS
Como souvenirs,  gosto dos lenços, dos vinhos, dos objetos... Você pode encontrar presentes mais em conta no Centro Histórico: ruas da Baixa, Praças do Rossio, dos Restauradores ou da Figueira.

Foto 59 - Ruas Comerciais, como esta, no Centro de Lisboa oferecem uma grande variedade de souvenirs.

Para compras, você pode visitar os centros comerciais (shoppings): Colombo (o maior), Amoreiras e Vasco da Gama (no Parque das Nações), além das ruas da Baixa e do Chiado. Estivemos no centro comercial Amoreiras, mas achamos poucas opções, se comparado aos grandes shoppings brasileiros. Terminamos no tradicional: El Corte Inglês, em Portugal.

CONCLUSÃO
Para uma despedida de Lisboa, melhor terminar essa postagem com o fado - a canção emblemática de Lisboa - e com Fernando Pessoa, duas pérolas portuguesas.
“O fado não é apenas uma canção acompanhada à guitarra. É a própria alma do povo português. Ouvindo as palavras de cada fado pode sentir-se a presença do mar, a vida dos marinheiros e pescadores, as ruelas e becos de Lisboa, as despedidas, o infortúnio e a saudade. A grande companheira do fado é a guitarra portuguesa. Juntos, fado e guitarra, contam a essência de uma história ligada ao mar” (http://www.fado.com/ ).
Por esta razão, ouvir o fado é conhecer verdadeiramente Lisboa... e,  também,  os portugueses, no mais profundo da sua alma de povo que enfrentou o mar desconhecido.
 Qualquer que seja sua língua nativa, a emoção ao ouvir o fado é universal, pois é uma expressão d’alma.
Escute  a comovente Amália Rodrigues, a rainha do fado, cantando Foi Deus em:
e a Gaivota em:
Para comprovar que o fado continua apaixonando os mais jovens, escute Marisa, cantando Meu fado:
Finalmente, transcrevo alguns trechos do poeta Fernando Pessoa, que de tão grande/criativo, transbordou em/criou personalidades distintas – os heterónimos – que nasceram, viveram, sofreram, produziram obras e morreram como o próprio... e se eternizaram. Os textos encontram-se em seu túmulo no Mosteiro dos Jerônimos.

PARA SER GRANDE, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim, em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

(14/02/1933, Ricardo Reis)

NÃO BASTA abrir a janela
Para ver os campos e o rio
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e flores
(20/04/1919 – Alberto Caeiro)

NÃO: NÃO quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões
A única conclusão é morrer.
(1923, Álvaro de Campos)

Ainda de Fernando Pessoa:  “Navegar é Preciso, Viver não é Preciso”  http://www.revista.agulha.nom.br/fpesso05.html
Abraço todos os amigos do aquém e do além mar nessa viagem ao inverso Brasil – Portugal.
Da autora desse blog - Lugares: Reais e Imaginários,
Antonia Santamaria
Em 18 de outubro de 2011, nas terras do Brasil, antiga Vera Cruz/Santa Cruz.